É domingo. Hoje é dia do tradicional banho à fantasia, que é realizado em Paranaguá. O ponto de partida do evento é o “La Barca”, lugar onde um dia já foi o Porto de Paranaguá, e hoje é onde os foliões e personagens começam a seguir os trios elétricos pelo centro histórico até o mergulho na Praça 29 de Julho.
“Procurando Pierrot”
A principal característica do evento são os homens em figurinos femininos. Os foliões não se intimidam com o sofrimento causado pelo salto-alto. “É muito difícil de andar, mas a perna fica mais 'gostosa' com o salto”, justifica. E o traje, segundo ele, precisa ser completo. “Sandália de salto, meia arrastão, saia, top e sutiã para segurar os limões”, brinca.
Arthur Omar revela que o Carnaval é “esse momento propício para a liberação dos estados gloriosos”. Neste momento fotografo um folião embriagado fazendo pose feminina.
“A Euforia”
O ato de fotografar o banho a fantasia, me lembra uma frase de autoria do fotógrafo Arthur Omar: “o carnaval como rito de passagem”. No meio de tudo isso, temas surgem em um piscar de olhos, nos revelando o êxtase estético, sensorial e social que o carnaval nos proporciona.
O som é alto nos alto falantes, que tocam marchinhas de outras épocas. Pessoas nas janelas de suas casas acenam e sorriem para os foliões. E neste momento, percebo que os problemas do cotidiano social da cidade estão mais presentes do que nunca, que não são inibidos pelas fantasias ou gritos de euforia, enquanto policiais “fiscalizam” as ações das pessoas, a todo momento. Uma senhora me chama a atenção ao “se dobrar” para catar latinhas, um homem que está caído ao chão poderia ter saído de um conto de Dalton Trevisan ou da música "De frente pro crime" (João Bosco), além de um folião/vendedor que carrega seu isopor, enquanto um menino me olha com um olhar de interrogação.
“Bloco do Eu Sozinho”
Isso me fez pensar no meu papel dentro daquela diversidade de comportamentos. Onde encontros e desencontros, amor e ódio, alegria e tristeza estiveram lado a lado por alguns momentos. É final de tarde, e vejo que agora o ânimo dá lugar ao cansaço, e as multidões oferecem passagem à solidão.
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