por Gustavo Salgado
Amparo fica a 4,5 km de Paranaguá, tendo seu acesso marítimo. Com uma beleza natural única, é habitada por famílias com associações, tem posto de saúde, igreja, uma cozinha comunitária e escola de 1ª a 4ª série. A fonte de renda das pessoas é proveniente da pesca de camarão e outras espécies de pescados. Entre seus atrativos estão: o sambaqui, o rio das ostras, canoas, tarrafas, e o artesanato que gera produtos que contribuem com a renda familiar dos moradores.
Amparo fica a 4,5 km de Paranaguá, tendo seu acesso marítimo. Com uma beleza natural única, é habitada por famílias com associações, tem posto de saúde, igreja, uma cozinha comunitária e escola de 1ª a 4ª série. A fonte de renda das pessoas é proveniente da pesca de camarão e outras espécies de pescados. Entre seus atrativos estão: o sambaqui, o rio das ostras, canoas, tarrafas, e o artesanato que gera produtos que contribuem com a renda familiar dos moradores.
“O Trapiche que nos conduz a Comunidade Pesqueira”
Logo na chegada, as crianças brincavam, correndo de um lado para o outro (encontrei várias ao decorrer da ilha) , e vi outras desafiando umas as outras a “pular” do trapiche. O isolamento, o sossego e a pesca são caracteristicas marcantes desse paraíso caiçara.
Ao caminhar pela ilha, conversei com um senhor sentado em uma cadeira de rodas em frente a sua casa, que se chamava Irineu, arrumador aposentado, que nos forneceu informações de que antigamente na ilha o fandango tinha forte presença, com o bailado: “As pessoas passavam a noite inteira batendo”, enfatizou; demonstrando a necessidade do turismo e manifestações culturais. E logo em seguida fotografei sua tímida "afilhada".
Nilo Gonçalves do Rosário, que tem sua casa/lanchonete em Amparo há 20 anos, comenta: “todos os moradores da ilha se conhecem” e “as casas mais próximas são de tios, e outros parentes”. Assim, a construção dessa comunidade acontece, onde o quintal da casa dele se mistura com o dos vizinhos, entrelaçando árvores, com portas abertas, pois segundo ele, “Aqui não precisa de polícia, só quando tem festa”, explicou.
“A relação entre sociedade e natureza”
Arivaldo, 47 anos, pescador nascido em Amparo, aprendeu com o pai a “arte” de pescar diz: “Eu saía cedo com o meu pai para pescar”, “Esperava a hora da maré...”. Sem estudo, não consegue trabalho formalizado, não desejando que o filho tenha o mesmo destino “Não quero que meu filho seja pescador”. sendo que para estudar da 5ª a 8ª série, os moradores da ilha se deslocam até Piaçaguera de barco).
O geógrafo Milton Santos em seu livro interdisciplinar A Natureza do Espaço explica que: “A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados,a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade”.
O pescador acredita que quando foi inserido o motor na pesca “Aproximadamente 24 anos atras”, tudo mudou. Essa “evolução”, juntamente com o aumento de população e aumento de pescadores, só dificulta a situação do próprio pescador. E relembra o incidente Vicunha :“Ficamos sem pescar por 4 ou 5 meses”, literalmente naquele momento ele se encontrou sem peixe, comida, trabalho e sem dinheiro.
Em seu último comentário, é o próprio impacto ambiental que o Porto de Paranaguá, situado logo a frente, o assunto que o faz pensar sobre a situação atual: “Pouco a pouco, a poluição está matando os peixes”. A confirmação disso foi quando avistei alguns urubus na encosta da ilha. Mas isso não o faz desistir de pescar, pelo contrário, no momento em que conversei com ele, em nenhum momento ele largou a agulha e a rede da qual estava costurando.
“Ameaçada Vida Caiçara ?”
Michel Serres em entrevista a Folha de São Paulo, “[...] nossa relação com o mundo mudou. Antes, ela era local-local, agora é local-global [...]”. Segundo Leibniz, o espaço é a ordem das coexistências possíveis, onde o tempo define seu papel ativo na dinâmica social.
Nas atuais condições de globalização, a metáfora proposta por Pascal parece ter ganho realidade: o universo visto como uma esfera infinita, cujo centro está em toda parte. O mesmo se poderia dizer daquela frase de Tolstoi, tantas vezes repetida, segundo a qual, para ser universal, basta falar de uma aldeia...
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